terça-feira, 25 de novembro de 2008

Inflação e comodismo

O Estado de S. Paulo - publicado em 22 de junho de 2008

Terminou quase em festa a reunião ministerial convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na quinta-feira, para discussão das pressões inflacionárias e das possíveis ações contra a alta de preços. Mas o presidente decidiu não tomar nenhuma nova medida, porque o governo, segundo se concluiu, já fez a sua parte. Além disso, o Brasil, de acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, é quase uma ilha de estabilidade no meio de um vasto oceano agitado pela inflação. Há pouco mais de 30 anos, o governo de então classificou o País como ilha de prosperidade durante a crise do petróleo.
Poucos anos depois foi preciso, com profunda tristeza, rever a avaliação. Desta vez, pelo menos um órgão público, o Banco Central (BC), permanece mobilizado para enfrentar o perigo. Se a inflação for contida até o começo do próximo ano, será graças, portanto, à abominada política de juros altos. Será mais difícil e talvez mais custoso economicamente, mas esse é o caminho traçado, por enquanto. O Brasil, como disse o ministro Mantega, é um dos poucos países com a inflação dentro da meta, isto é, dentro do intervalo de tolerância definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
O mercado financeiro continua projetando uma inflação abaixo do limite, para o fim do ano e para 2008. As projeções, no entanto, pioraram nas últimas duas semanas e os índices de preços mostram um quadro cada vez mais desfavorável. Primeiro ponto importante: a situação só não é pior porque o BC percebeu mais cedo os sinais de perigo e começou a agir. Sua disposição, como ficou claro na última Ata do Copom, é continuar elevando os juros para conter a demanda. Segundo ponto: ao contrário da tese exposta pelo ministro da Fazenda, o Executivo não tomou nenhuma iniciativa relevante para deter a onda inflacionária.
O ministro mencionou a decisão de elevar de 3,8% para 4,3% do PIB a meta de superávit primário deste ano. Mas a decisão apenas consagrou uma situação de fato. O resultado obtido até abril já estava muito próximo desse “novo” objetivo, não por causa de uma política austera, mas, basicamente, como conseqüência da elevação da receita. O superávit primário obtido até agora não foi suficiente para conter a expansão da demanda. O governo continua gastando muito e ainda não há sinais importantes de arrefecimento do consumo.
O aumento do IOF cobrado nos empréstimos a pessoas físicas não afetou a tendência. Serviu para engordar a receita do Tesouro. Para isso o governo elevou o imposto no começo do ano, e não para conter a demanda. O objetivo era compensar, em parte, a extinção da CPMF, mas o ministro parece haver esquecido esse detalhe. Em sua alegre exposição, o ministro da Fazenda insistiu na tese de uma inflação quase limitada aos preços de alimentos. Os fatos continuam desmentindo, e cada vez mais claramente, esse ponto de vista.
Os maiores aumentos, é verdade, têm ocorrido nos preços da comida, mas a onda inflacionária já se espalha pela maior parte dos componentes dos índices de preços. Já não se trata de inflação localizada, até porque o encarecimento das matérias-primas - alimentos, derivados de petróleo e metais - tende a contaminar todos os setores da economia. A primeira providência, portanto, deve ser a contenção da demanda para limitação de repasses.
O estímulo à produção agrícola, prometido pelo governo, será uma providência bem-vinda. Mas uma boa política de financiamento e de preços mínimos seria necessária mesmo sem as pressões inflacionárias de hoje. A boa oferta de alimentos é condição permanente de estabilidade de preços. Além disso, é fator indispensável à segurança das contas externas. Sem uma boa safra na temporada 2008-2009, a situação brasileira se agravará.
Mas uma boa safra no Brasil, desejada por todos, será insuficiente para inverter a tendência dos preços internacionais, se confirmadas as perdas estimadas nos EUA. O governo poderia sem grande sacrifício elevar para 4,8% do PIB a meta de superávit primário. Isso tornaria mais segura e mais fácil a política antiinflacionária. Falta o presidente admitir essa obviedade.

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- >Histórico de metas da inflação no Brasil

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Exerício - Editoria Mundo

A polícia peruana prendeu um terrorista com 36 granadas antitanque em Lima, um dia depois do atentado que matou três homens no sul do país. Suspeita-se que Edwin Jaime Valladolid Chunga, 42 anos, faça parte do Sendero Luminoso, grupo de guerrilheiros maoístas. “Investigações preliminares indicam que ele não atuava sozinho, mas pertenceria a uma organização, provavelmente o Sendero Luminoso. A polícia antiterrorismo conduz as investigações”, disse Julio Vergara, chefe do comando de segurança. O Sendero enfrenta o Estado peruano desde 1980. Cerca de 69 mil pessoas já foram mortas ou desapareceram durante conflitos. Apesar de praticamente destruído no governo Fujimori, o grupo atua com regularidade na província de Ayacucho, berço do movimento, em parceria com o narcotráfico.
Por conta dos recentes ataques, a polícia local apertou a segurança esta semana para receber chefes de Estado e de governo dos 21 países do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), entre eles o presidente norte-americano, George W. Bush, e o chinês, Hu Jintao. “Não descartamos a hipótese de um eventual ataque contra o encontro”, afirmou Julio Vergara.
Autoridades peruanas acreditam que o grupo tenha 300 integrantes e enfrenta decadência, iniciada com a prisão de seus principais dirigentes. No auge, o Sendero Luminoso costumava roubar muita dinamite de minas peruanas. O governo de Alan García afirma que os integrantes do grupo abandonaram a ideologia esquerdista para se dedicar ao tráfico de cocaína.

Exercício - Editoria Cidades

Festas com som alto durante a madrugada tiram o sono de moradores do condomínio Jardins do Lago, no Setor Jardim Botânico. Casas de eventos a menos de 20 metros das residências incomodam a vizinhança, mas têm autorização da administração local para funcionar. A funcionária pública Iane Cláudia de Almeida, 37 anos, sofre com a rua lotada de carros e o barulho quando é dia de festa no salão Villa Patrícia, no lote ao lado de casa. “É impossível dormir por causa do barulho. Nos fins de semana, fico acordada até os convidados irem embora, o que nunca acontece antes das 3h”, reclama Iane.
O empreendimento é alugado para eventos há sete meses. No início, abria as portas sem alvará de funcionamento e chegou a ser interditado pela Agência de Fiscalização do Distrito Federal. No último dia 10, a Procuradoria do DF emitiu parecer contrário à concessão do documento. Mas quatro dias depois, a Administração Regional do Jardim Botânico emitiu autorização para o funcionamento do local. Para a concessão do alvará da Villa Patrícia, a casa de festas obteve a anuência de 83% dos vizinhos. Mas os moradores dos lotes limítrofes — justamente os mais incomodados — não foram ouvidos.
Nos últimos dois anos, moradores do Jardins do Lago registraram 11 ocorrências policiais para reclamar do barulho na Villa Patrícia. A primeira foi registrada na 30ª DP no dia 15 de dezembro de 2006. A última foi no dia 9 de outubro deste ano. Em junho, a 30ª delegacia lavrou um termo circunstanciado em desfavor da casa de festas, enquadrando o caso no artigo 42 do Decreto Lei nº 3.688/41, que trata da perturbação do trabalho e sossego alheios.

Títulos - Editoria Mundo

Obama e McCain discutem planos para o próximo governo
Maoístas suspeitos de roubar fuzis e matar policiais no Peru
Irmão de Hugo Chávez é candidato a governador na Venezuela
Degelo na Antártida inunda o oceano com água doce e preocupa cientistas
Chefe militar do grupo terrorista ETA é preso na França

Títulos - Editoria Brasil

Câncer de próstata mata 20 mil por ano no Brasil
Caloteiro é suspeito de matar ganhador da Mega
Enterrado corpo de menina encontrada morta dentro de casa, em Curitiba.Dado Dolabella é denunciado por agressão e pode pegar 3 anos de cadeia
Polícia de São Paulo denuncia 10 responsáveis por acidente da TAM
Adolescente de 15 anos mantida refém pelo ex-padrasto

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Crítica - The End of Legacy Media

Aparelhos de rádio, televisores e jornais viraram peças de museu. Todos se comunicam entre si e com o mundo por mecanismos móveis ligados à internet. No cenário previsto por Jakob Nielsen em agosto de 1998, a Internet se sobrepõe aos meios de comunicação tradicionais e impera no lares e empresas ao redor do planeta em um futuro próximo. Para ele, em dez anos estariam extintos os hábitos de sentar para assistir a novela das 8, ou pegar o jornal na porta de casa pela manhã. Chegamos em 2008, ano do trágico fim anunciado por Nielsen, e milhões de pessoas ainda usam veículos vindos do já distante século 20.
Previsões mirabolantes sobre o fim dos meios de comunicação não são novidade da era da Internet. Na década de 50, com a chegada da televisão, o fim do rádio era tido como certo. Os CD-roms eram o máximo da tecnologia e substituiriam com facilidade ferramentas de vídeo e áudio. Com a criação de dispotivos cada vez mais modernos, os veículos antigos foram obrigados a se adaptar. No entanto, me parece muito distante a idéia de um sumiço do rádio ou da TV, por exemplo.
A Internet ainda não enfrentou uma das suas principais barreiras: a dificuldade em alcançar todas as camadas sociais em todos os cantos do planeta. O preço do computador cai progressivamente, mas não chegou ao ponto de ser acessível como um rádio de pilhas. No dia em que qualquer um puder checar e-mails e ver o Jornal Nacional pelo monitor, aí sim poderemos prever um futuro totalmente ligado na world wide web.

“Mudança não é algo que a maioria das pessoas procura ou são particularmente boas em previsões. Mesmo para os inventores e inovadores que estimulam mudanças sociais e tecnológicas, visualizar o futuro apresenta um problema enigmático. Tirando a ansiedade geralmente causada por mudanças, os humanos parecem ter uma marcante propensão para assimilar rapidamente novas idéias, produtos e serviços quando eles são entendidos nas definições pessoais e culturais de realidade. Enquanto ninguém está completamente preparado para mudança ou capaz de prever os resultados, nós podemos começar a discernir prováveis formas do futuro aprendendo a reconhecer os padrões e mecanismos históricos de mudança” (Roger FIDLER, 1997).